sábado, 8 de janeiro de 2011

Ser Dama da Noite

As vezes ser Dama da Noite, ou melhor, muitas vezes ser Dama da Noite envolve o ato de conviver com o "coito interrompido".

"Benhê, acabou a camisinha, agora não dá pra rolar mais nada";
"Meu bem, acabou o tesão";
"Lindinha, eu saí com fulana(o), pô, não é nada pessoal";
"Cara, acabou o amor";

As vezes ser Dama da Noite é esperar eternamente aquele avião que nunca mais vai retornar (eu tenho até hoje aquele rascunho, hoje velho e encardido de fumaça de vários cigarros, com o número do último vôo que nunca mais retornará, você tem o seu? Se o tem, jogue fora, dos venenos lícitos, este, o do amor que nunca foi amor, é o pior).

Porém, ser esta que vos fala, na maioria das vezes, envolve somente esperar que aquele passo final seja dado para consumar a luxúria máxima de uma noite de verão e então, como um passe de mágica macabra, esta não ocorrer.

Damas da Noite, durante o verão, exalam perfumes mais tóxicos, se vestem com roupas mais reveladoras, se entregam, inclusive, àquela roupinha que disse que nunca usaria, mas, hey, é fácil dizer "nunca" quando se é inverno e a proposta do corpo é outra.

Ao começo da manhã fica a sensação de um final de noite completo, mesmo com todas as suas incompletudes, ou, como canta Mercedes Sosa, a grande, na letra de Catulo Castilo:

"Ya se, no me digas, tenes razon
La vida es una herida absurda
Y es todo, todo tan fugaz
Que es una curda nada mas
Mi confesion."

P.S e não raro, ser Dama da Noite é esquecer um pouco a noite e viver seus desejos de dia, sem medo do julgamento que o Deus Solar venha a fazer de você.

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